Muitas vezes a tão sonhada maternidade transborda entre os dedos gerando um cenário de grande sofrimento, carregado de culpa e angústia. Através dos dados coletados pela Associação Internacional de Gerenciamento de Estresse no Brasil (Isma-BR), você sabia que 30% dos brasileiros são acometidos pelo Burnout e que o Brasil está em segundo lugar no ranking dos países mais adoecidos pelo esgotamento profissional do mundo?
E o que isso tem a ver com a maternidade? Claro que esses índices foram coletados de profissionais afastados de seus trabalhos e/ou que apresentaram um diagnóstico de Síndrome de Burnout, mas quando se fala sobre os trabalhos domésticos envolvendo a maternidade, encontramos um alto número de mães com queixas de exaustão e esgotamento por sua função que além de não remunerada é desvalorizada.
A maternidade vem carregada de exigências sociais, familiares e da própria pessoa. Contando também que essa função vem acompanhada de outras, como o cuidado com a casa e trabalhos externos remunerados.
O Burnout materno expressa o estado de exaustão pelas responsabilidades e demandas da maternidade, o que gera esgotamento físico e emocional, assim como irritabilidade, sentimento de inadequação, baixa autoestima, perda de interesse nas atividades cotidianas e de prazer, isolamento, apatia e nos mais graves, depressão e transtorno de ansiedade. Esse estado pode agravar pela falta de divisão de tarefas, exigências irreais, seja de um familiar ou da própria pessoa, falta de autocuidado, críticas e autocriticas.
Quais sintomas podem indicar um Burnout?
Para ser considerado uma síndrome, é necessário o conjunto de diversos sintomas que afetam áreas:
I - Afetivas (e.g. humor depressivo, desesperança, ansiedade);
II - Cognitivas (e.g. dificuldades de concentração, perda de memória);
III - Físicas (e.g. distúrbios gastrintestinais, dores de cabeça, fadiga);
IV - Comportamentais (e.g. ansiedade; condutas de fuga ou evitação);
V - Sociais (e.g. problemas com clientes, colegas e superiores e subalternos);
VI - Atitudinais (e.g. frieza, insensibilidade, distanciamento) e
VII - Organizacionais e do trabalho (e.g. intenção de abandonar o emprego; menor envolvimento com os clientes, o trabalho e a organização).
(Schaufeli & Buunk, 1996)
Como prevenir um esgotamento materno?
Primeiramente, afastar-se das críticas e exigências inalcançáveis, ter uma boa consciência de que a maternidade é humana e imperfeita.
Ter coragem de colocar limites, dividir tarefas e sempre que precisar, pedir ajuda.
Quando possível, delegar tarefas para profissionais que poderão oferecer serviços domésticos para aliviar a quantidade de responsabilidades e demandas.
Proporcionar-se momentos de autocuidado, no qual você poderá ter um tempo especial para se exercitar ou fazer aquilo que te dá prazer.
Se relacionar com outras mães, ter boas trocas e conversas sobre as experiências prazerosas e dolosas da maternidade.
Buscar um profissional da saúde como um psicólogo para ajudar nos desafios cotidianos e com questões emocionais.
Lembre-se, você pode isentar-se de qualquer culpa por não dar conta de tudo, isso simplesmente te torna uma humana real.
Para finalizar, deixo uma analogia:
Você consegue mergulhar nas águas e permanecer ali por alguns segundos ou minuto, passando disso, você precisa subir e tomar o folego, pelo contrário as consequências serão negativas e você não poderá fazer nada. Assim é a maternidade, você poderá mergulhar nela quantas vezes for preciso, mas esteja atenta primeiramente em você, para reconhecer os sinais de quando é o momento de emergir e nutrir-se do ar necessário e suficiente para o retorno as tarefas.
Se você se identificou com algum destes sintomas ou conhece alguém que está passando por este momento desafiador, procure ajuda de um profissional psicólogo clínico.
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